sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

DOENÇAS HEREDITÁRIAS TRANSMITIDAS POR GENES AUTOSSÔMICOS DOMINANTES.

Autora :ANDRÉA MAFRA MOREIRA

Este trabalho trata de herança autossômica dominante, de exemplos de doenças hereditárias transmitidas por genes autossômicos dominantes. são feitas abordagens sobre feita anemia falciforme, acondroplasia, retinoblastoma, doença de Huntington (dhq), neurofibromatose de Von Recklinghausen (nf1), polidactilia eptose bilateral

1. HERANÇA HEREDITÁRIA

O modo como certas característica da espécie humana passam de uma geração a outra revela que existem vários tipos de herança.

Em todas as espécies, os descendentes se parecem com os progenitores, tanto em traços normais como em caraterísticas anormais.

Os fatores ou unidades determinantes da herança chamam-se genes, e a ciência que os estuda é denominada genética. As características transmissíveis do ser humano estão contidas nos 46 cromossomos, estruturas encontradas no núcleo das células do organismo. Esses cromossomos dispõem-se emparelhados dois a dois, em 23 pares, no núcleo de cada célula. Vinte e dois deles formam os chamados autossomos, idênticos em ambos os sexos. O par restante é constituído pelos cromossomos sexuais XY no homem e XX na mulher.

Além dos caracteres genéticos normais existem inúmeras doenças e anomalias hereditárias que são transmitidas por gens específicos dominantes ou recessivos. Este trabalho enfatizará as doenças hereditárias transmitidas por genes autossômicos dominantes.

2. HERANÇA AUTOSSÔMICA DOMINANTE

Na herança autossômica dominante um fenótipo é expressado da mesma maneira em homozigotos e heterozigotos. Toda pessoa afetada em um heredograma possui um genitor afetado, que por sua vez possui um genitor afetado, e assim por diante, como no heredograma abaixo:



Nos casamentos que produzem filhos com uma doença autossômica dominante, um genitor geralmente é heterozigótico para a mutação e o outro genitor é homozigótico para o alelo normal. Pode-se escrever os genótipos dos pais como:



Cada filho desse casamento tem uma chance de 50% de receber o alelo anormal (A) do genitor afetado e, portanto ser afetado (A/a), e uma chance de 50% de receber o alelo normal (a) e, assim não ser afetado (a/a).

Critérios da herança autossômica dominante

1. O fenótipo aparece em todas as gerações, e toda pessoa afetada tem um genitor afetado.

2. Qualquer filho de genitor afetado tem um risco de 50% de herdar o fenótipo.

3. Familiares fenotipicamente normais não transmitem o fenótipo para seus filhos.

4. Homens e Mulheres têm a mesma probabilidade de transmitir o fenótipo aos filhos de ambos os sexos.

3. EXEMPLOS DE DOENÇAS HEREDITÁRIAS TRANSMITIDAS POR GENES AUTOSSÔMICOS DOMINANTES.

ANEMIA FALCIFORME

A forma comum da Anemia Falciforme (HbSS) acontece quando uma criança herda um gene da hemoglobina falciforme da mãe e outro do pai. É necessário que cada um dos pais tenha pelo menos um gene falciforme, o que significa que cada um é portador de um gene da hemoglobina falciforme e um gene da hemoglobina normal.

Como a condição de portador do traço falciforme é um estado benigno, muitas pessoas não estão cientes de que o possuem. Quando duas pessoas portadoras do traço falciforme resolvem ter filho(s), é importante que saibam que para cada gestação há possibilidade de um para quatro de que a criança tenha doença falciforme; há possibilidade de uma em duas de que a criança tenha doença falciforme; há possibilidade de uma em quatro de que a criança tenha o traço da falciforme, e a chance de um em quatro de que tenha a hemoglobina normal.

FO que é doença falciforme ?

A Doença Falciforme é uma doença herdada em que, os glóbulos vermelhos, diante de certas condições, alteram sua forma e se tornam parecidos com uma foice, daí o nome falciforme.

Os glóbulos vermelhos em forma de foice se agregam e dificultam a circulação do sangue nos pequenos vasos do corpo. Com a diminuição da circulação ocorrem lesões nos órgãos atingidos, causando dor, destruição dos glóbulos, icterícia (olhos amarelos) e anemia.

FComo um indivíduo se torna portador de anemia falciforme ?

A hemoglobina, pigmento que dá cor vermelha aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo transportando o oxigênio.

A hemoglobina normal é chamada de A e os indivíduos normais são considerados AA, porque recebem uma parte do pai e outra da mãe.



Na Anemia Falciforme a hemoglobina produzida é anormal e é chamada de S. Quando a pessoa recebe de um dos pais a hemoglobina A e de outro a hemoglobina S, ele é chamado de “traço falcêmico”, sendo representado por AS. O portador de traço falcêmico não é doente, sendo portanto, geralmente assintomático e só é descoberto quando é realizado um estudo familiar.

Quando uma pessoa recebe de ambos, pai e mãe, a hemoglobina S, ela nasce com Anemia Falciforme cuja representação é SS. Então os pais do paciente com Anemia Falciforme deverão ser portadores do traço ou doentes.

Além de filhos com Anemia Falciforme, pessoas portadores do Traço Falcêmico poderão também ter filhos normais ou portadores do traço como eles.



FQual a diferença entre anemia falciforme e doença falciforme ?

A Anemia Falciforme acontece quando o indivíduo é SS. Ocorre entretanto em alguns indivíduos a união de um traço S com outro traço doente (C, D, Talassemia), levando ao aparecimento da hemoglobinopatia SC, SD, S-Talassemia.

Todas as hemoglobinopatias juntas incluindo a Anemia Falciforme (SS), são chamadas de doenças Falciformes (SS, SD, SC, S-Talassemisa).

FQuais os sintomas da doença ?

A Doença Falciforme (englobadas SS, SC, SD, S – Talassemia), pode se manifestar de forma diferente em cada indivíduo. Uns têm apenas alguns sintomas leves já outros apresentam um ou mais sinais ou sintomas:

1. Crise de dor

É o sintoma mais freqüente da Doença Falciforme causado pela obstrução de pequenos vasos pelos glóbulos vermelhos em foice. A dor pode se localizar nos ossos ou nas articulações, no tórax, no abdômen, podendo atingir qualquer local do corpo.

Essas crises têm duração variável e podem ocorrer várias vezes ao ano. Geralmente são associadas ao tempo frio, infecções, períodos pré-menstrual, problemas emocionais, gravidez, ou desidratação.

2. Icterícia (cor amarela nos olhos)

É o sinal mais freqüente da doença. O quadro não é contagioso e não deve ser confundido com hepatite. Quando o glóbulo vermelho se rompe, aparece um pigmento amarelo no sangue que se chama bilirrubina. A urina se torna cor de coca-cola e o branco dos olhos torna-se amarelo.

3. Síndrome Mão-pé

Nas crianças pequenas as crises de dor podem ocorrer nos pequenos vasos das mãos e dos pés causando inchaço, dor e vermelhidão no local.

4. Infecções

Podem ocorrer infecções freqüentes localizadas na garganta, pulmões e ossos. Estas infecções devem ser vistas pelo médico hematologista tão logo apareçam, podem ser muito graves e até fatais. Todos os pacientes devem estar com a caderneta de vacinação atualizada. Ao primeiro sinal de febre procure o Hospital onde você é atendido, isto certamente fará com que a infecção seja controlada com mais facilidade. Para prevenir infecções graves, todos os pacientes até 5 anos de idade devem receber penicilina (Benzetacyl de 21/21d ou penicilina oral 2x dia) ou Eritromicina se forem alérgicos à penicilina.

5. Úlceras de Perna

Úlceras de perna ocorrem, freqüentemente, próximo aos tornozelos.

Os pacientes devem ser orientados pelo médico hematologista para o tratamento das úlceras e encaminhados para a sala de curativos.

As úlceras podem levar anos para cicatrização completa, se não forem bem cuidadas no início de seu aparecimento. Para prevenir o aparecimento de úlceras, os pacientes devem andar com meias grossas e sapato.

6. Seqüestro do Sangue no Baço

O afoiçamento dos glóbulos no baço pode levar ao seqüestro do sangue. Há palidez e dor no baço e é uma emergência. Procure o hospital onde você é atendido.


Hemácia de forma anormal (foice)


ACONDROPLASIA

FAspectos genéticos: A acondroplasia é produzida por um gene autossômico dominante de penetrância completa, de modo que todos os portadores do gene apresentam a doença. Cerca de 10% dos casos são transmitidos, pois um dos genitores é afetado; os 90% restantes são produzidos por mutação nova.

Praticamente todos os indivíduos acondroplásticos são heterozigotos; mas se conhem uns poucos homozigotos, gravemente afetados, resultantes de casamentos entre dois heterozigotos, e que faleceram precocemente. O gene da acondroplasia é, portanto, letal em homozigose.

FAspectos clínicos: A acondroplasia é uma forma de nanismo produzida por um distúrbio do crescimento, devido a uma deficiência da ossificação endocondral.

Os pacientes apresentam baixa estatura desde o nascimento, por terem os membros curtos, mas o tronco e coluna vertebral têm tamanho quase normal. A cabeça parece grande (megecefalia relativa) e é braquicefálica; a fronte é proeminente, a ponte nasal baixa e o nariz tem forma de botão, com narinas e pontas antevertidas. O tronco apresenta lordose lombar acentuada; o ventre e as nádegas são proeminentes. Os membros são muitos curtos. As mãos são pequenas, em tridente: os pacientes mantêm habitualmente o terceiro e quarto dedos um pouco afastados, de modo que, ficando o polegar normalmente separado, a mão espalmada termina em três grupos de dedos. Estes são curtos (principalmente as falanges médias e procimais). Nas crianças pequenas há excesso de pele nos membros, o que se evidencia pela formação de pregas cutâneas exageradas.

A acondroplasia tem frequência de 1 afetado por 10.000 nascidos vivos.



RETINOBLASTOMA

FAspectos genéticos: todos os casos bilaterais (isolados ou não), que constituem 25% do total, são sabidamente hereditários. São igualmente hereditários os casos unilaterais com recorrência na mesma família.

A penetrância do gene do retinoblastoma hereditário (uni ou bilateral) é de cerca de 80%, o que significa que 20% dos portadores do gene não apresentam a doença.

Quanto aos casos isolados de retinoblastoma unilateral, estimou-se que apenas 20% devem ser hereditários. Os 80% restantes são fenocópias, sem determinismo genético, e, portanto, com risco de recorrência nulo, embora clinicamente indistinguíveis dos casos hereditários.

FAspectos clínicos: O retinoblastoma é um tumor ocular que se inicia na retina e daí cresce em direção ao vítreo, dando a forma endofítica, de fácil diagnóstico precoce, ou desenvolve-se por trás da retina (forma exofítica), caso em que o diagnóstico da afecção fica prejudicado por um deslocamento da retina. Dois sinais clínicos são importantes para o diagnóstico: calcificações intratumorais, presentes em 75% dos casos e detectáveis aos raios X, e fragmentos de tecido tumoral flutuantes no humor vítreo.

A doença afeta os dois sexos igualmente e ocorre com frequência de 1 afetado em 20.000 recém-nascidos.

DOENÇA DE HUNTINGTON (DHQ)

É uma doença neurodegenerativa fatal de herança autossômica dominante caracterizada por movimentos involutários e demência progressiva. O aparecimento da doença se dá entre os 30-50 anos de idade sendo 38 a idade média de aparecimento.


Heredograma de uma família com Doença de Huntington


NEUROFIBROMATOSE DE VON RECKLINGHAUSEN (NF1)

É um distúrbio comum do sistema nervoso caracterizado por manchas café-com-leite e tunores cutâneos fibromatosos.


O gene é clinicamente observado em praticamente todas as pessoas (penetrância completa). Cerca de metade dos casos de NF1 resulta de uma mutação nova e no heredograma abaixo, o probando (indicado por uma seta) parece ser um gene mutante novo, pois seus pais e avós não são afetado.


POLIDACTILIA

Polidactilia é uma doença caracterizada pela presença de um dedo extra. Há uma variação muito grande na expressão dessa característica, desde a presença de um dedo extra, completamente desenvolvido, até a de uma simples protusão carnosa. Distinguem-se essencialmente dois tipos de polidactilia: a pós-axial ( do lado cubital da mão ou do lado peroneal do pé) e a pré-axial (do lado radial da mão ou tibial do pé). A polidactilia pós-axial tem herança autossômica dominante com penetrância incompleta, porém alta, e é cerca de 10 vezes mais freqüente em negros do que em cacasoides. Já a polidactilia pré-axial é entidade heterogênea e compreende vários tipos de defeitos (polidactilia do polegar, polidactilia do dedo indicador, polissindactilia, etc).



PTOSE BILATERAL

Doença inflamatória crónica, da conjuntiva superior, com intensa fotofobia e lacrimejo.

O primeiro sintoma é o intenso prurido, seguido de extrema fotofobia, queimor e sensação de corpo estranho e, muitas vezes, visão turva. Observa-se hiperemia conjuntival, ptose (ou pálpebra pendida), secreção mucosa e cremosa e blefaroespasmo. Na conjuntiva tarsal superior aparecem as típicas papilas gigantes (>1mm), semelhando pedras de calçada ("cobblestones"), infiltradas por fibrina e muco (pseudomembrana).



A B C

A - Fase activa: edema, células inflamatórias e muco anormal.

B - Papilas coradas com fluoresceína.

C - Fase crónica: pós-tratamento

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Genética Médica (W. Beçak e O. Frota Pessoa)

Genética Clínica (Oswaldo Frota Pessoa, Paulo Alberto Otto, Priscila Guimarães Otto)

http://www.virtual.epm.br/cursos/genetica/htm/had.htm

http://www.medisa.pt/a_ocular/ocular_2.htm

Doenças Hereditárias

As doenças hereditárias são um conjunto de doenças genéticas caracterizadas por transmitir-se de geração em geração, isto é de pais a filhos, na descendência e que se pode ou não manifestar em algum momento de suas vidas. As principais são diabetes, hemofilia, hipertensão, obesidade e as alergias. Não deve se confundir doença hereditária com:

  • Doença congênita: é aquela doença que se adquire com o nascimento e se manifesta desde o mesmo. Pode ser produzida por um transtorno durante o desenvolvimento embrionário ou durante o parto.
  • Doença genética: é aquela doença produzida por alterações no DNA, mas que não tem por que se ter adquirido dos progenitores; assim ocorre, por exemplo, com a maioria dos cancros(câncer).

Doenças monogênicas

São doenças hereditárias produzidas pela mutação ou alteração na sequência de DNA de um sozinho gene. Também se chamam doenças hereditarias mendelianas, por se transmitir na descendência segundo as leis de Mendel. Conhecem-se mais de 6000 doenças hereditárias monogénicas, com uma prevalencia de um caso por cada 200 nascimentos. Exemplos de doenças monogênicas são:

As doenças monogênicas transmitem-se segundo os padrões hereditários mendelianos como:

  • Doença autossômica recesiva. Para que a doença se manifeste, precisa-se de duas cópias do gene mutado no genoma da pessoa afetada, cujos pais normalmente não manifestam a doença, mas portam cada um uma cópia do gene mutado, pelo que podem o transmitir à descendencia. A probabilidade de ter um filho afetado por uma doença autossômica recessiva entre duas pessoas portadoras de uma só cópia do gene mutado (que não manifestam a doença) é de 25%.
  • Doença autossômica dominante. Só se precisa uma cópia mutada do gene para que a pessoa esteja afectada por uma doença autossômica dominante. Normalmente um dos dois progenitores de uma pessoa afetada manifesta a doença e estes progenitores têm 50% de probabilidade de transmitir o gene mutado a seu descendente, que manifestará a doença.
  • Doença ligada ao cromossomo X. O gene mutado localiza-se no cromossomo X. Estas doenças podem transmitir-se a sua vez de forma dominante ou recessiva.

[editar]Doenças poligênicas

São um conjunto de doenças hereditárias produzidas pela combinação de múltiplos fatores ambientais e mutações em vários genes, geralmente de diferentes cromossomos. Também se chamam doenças multifatoriais. Por exemplo, sabe-se que múltiplos genes influem na suscetibilidade de apresentar câncer de mama. Estes genes estão localizados nos cromossomos 6, 11, 13, 14, 15, 17 e 22. Devido a este conjunto de causas complexas, são bem mais difíceis de analisar que as doenças monogênicas ou os transtornos cromossômicos. Algumas das doenças crônicas mais freqüentes são poligênicas, como por exemplo:

A herança poligênica também se associa a rasgos hereditários tais como os padrões da impressão digital, altura, cor dos olhos e cor dapele. Possivelmente a maioria das doenças são doenças multifatoriais, produzidas pela combinação de transtornos genéticos que predispõem a uma determinada suscetibilidade aos agentes ambientais.

[editar]Doenças cromossômicas

São devidas a alterações na estrutura do cromossomo, como perda cromossômica, aumento do número de cromossomos ou translocações cromossômicas. Alguns tipos importantes de doenças cromossômicas podem-se detectar no exame microscópico. A trissomia 21 ou síndrome de Down é um trastorno frequente que sucede quando uma pessoa tem três cópias do cromossomo 21 (entre um 3 e um 4% dos casos são hereditários; o resto são congênitos).